A história do homem é um constante ciclo. Não só do homem, do planeta como um todo, e nesse ponto volto a comentar a tragédia japonesa. Essa semana recebi um e-mail de um leitor discorrendo sobre a crença de uma das religiões cristãs que, ao contrário da minha generalização, não justifica com Deus tamanha dor do povo oriental, mas expõe algo que a ciência já comprovou: o planeta está em mutação.
Ilhas ou até continentes inteiros poderão desaparecer, territórios perderão fronteiras e esse é certamente um processo irreversível que, ao contrário do que defendem ambientalistas mais xiitas, não tem nada a ver com a ação do homem. Não que as agressões humanas não tragam consequências, mas que pelo menos nesse aspecto o homem não é o grande culpado, isso é inegável.
Agora testemunhamos informações alarmantes sobre elevados níveis de radiação, relembrando acontecimentos marcantes e lamentáveis como Chernobyl, que gerou uma tragédia sem precedentes e aparentemente sem prazo para terminar. Desde que a usina nuclear japonesa iniciou seu processo de caos e liberação de radiação em escalas perigosas para a vida animal e vegetal, não faltam na internet casos e fotos de vítimas de Chernobyl, nos mostrando o provável horror que nos aguarda, e essa sim é uma calamidade cuja responsabilidade é humana, e com certeza não servirá, novamente, de lição.
Muitas vidas que sequer tem previsão de começar já estarão previamente arruinadas, os efeitos a longo prazo do excesso de radiação sobre uma população começam a ser vistos aos poucos com o alto índice de câncer, deformações e diversas outras doenças em pessoas que vieram ao mundo muito depois de Chernobyl, e talvez disso novamente não tenhamos como escapar.
Com as últimas notícias sobre as explosões e defeitos nos mecanismos dessa usina japonesa já sabemos que, embora balançada por um dos piores terremotos da história, invadida por uma série de ondas gigantes e devastada por tamanhas forças da natureza, a maior tragédia de todas tem a mão do homem; afinal, mesmo com as perdas humanas irrecuperáveis, o país se levanta novamente aos poucos, as cidades são reconstruídas e tudo vai voltando ao normal gradativamente, mas a contaminação radioativa vai deixar marcas profundas sobre esse povo, e essas marcas permanecerão por gerações.
Maya Falks
Maya Falks é escritora, publicitária e roteirista. Contista premiada, é editora de blog homônimo e apaixonada por literatura, música, cinema e propaganda, sendo devotada às palavras em suas mais diversas manifestações.
Contato: maya.tribos@gmail.com
Blog: www.mayafalks.blogspot.com
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